Roadtrips - 8 dicas imperdíveis

domingo, fevereiro 19, 2017

Como vivo em Macau e as viagens de carro não demoram mais do que 30 minutos, quando vou de férias gosto de conduzir sem limitações de tempo ou de espaço, ir parando aqui e ali, escolher uma boa playlist e simplesmente aproveitar o melhor de cada país. E nada traduz melhor isso do que uma roadtrip! Já fiz quatro roadtrips dignas desse nome (Nova Zelândia, EUA, Taiwan e Austrália).

Antes de se lançarem estrada fora, leiam este guia de sobrevivência :-) Acreditem, agradecia se alguém me tivesse dito algumas destas coisas :-p


Sea Cliff Bridge, Austrália



1 - ESCOLHER O CARRO 
Eu sei que a tendência é escolher o carro mais barato possível (foi isso que fizemos na viagem à Nova Zelândia) mas tenham em conta o percurso que querem fazer. Se, por exemplo, vão sair de estradas alcatroadas é essencial pelo menos um SUV. Se vão para o outback, então outras coisas serão necessárias (tracção às quatro rodas, etc). Não se esqueçam dos custos adicionais da rent-a-car como: seguro, segundo condutor e entrega do carro numa cidade diferente. Imaginem a nossa surpresa, quando chegados à rent-a-car da Nova Zelândia nos disseram que precisavam de um depósito equivalente ao plafond do nosso cartão de crédito! Para evitar isso, tivemos que pagar mais por dia de seguro, o que não foi simpático. Assim, vejam bem as condições de aluguer.

Uma das estradas no Croajingolon National Park, Austrália


2 - DOCUMENTAÇÃO 
Para além do que é habitual (passaporte, vistos, etc) não se esqueçam de tratar da carta de condução internacional. Aqui em Macau é extremamente rápido e a carta tem validade por um ano. É preciso apenas a carta de Macau, uma fotografia e 100 patacas. 

3 - CONTROLAR O DEPÓSITO DE GASOLINA
Na primeira roadtrip (Nova Zelândia) demos por nós aflitos à procura de uma bomba de gasolina! Não se esqueçam que por vezes as distâncias são enormes entre um sítio e o outro e que muitas das bombas nos locais mais pequenos fecham por volta das 16h...Better safe than sorry. A última coisa que vão querer é estar parados no meio do nada, sem rede e com animais nocturnos...ou tarântulas...ou cobras...ou...bem perceberam a ideia!




4 - GPS V MAPAS
Na Nova Zelândia fomos old school, ou seja compramos um atlas da estrada. Se resultou bem? Sim! Tirando uma ou duas vezes que nos perdemos :-p O GPS é sem dúvida óptimo mas não é 100% fiável. O Geoff (como apelidamos o nosso querido GPS) falhou-nos várias vezes na Austrália. Por isso, na minha opinião é sempre útil ter os dois. E não se trata apenas de ouvir constantemente o "Please make a u-turn when possible". It is not possible Geoff! Mas sim de ele não conseguir ligação ao satélite ou de simplesmente morrer para a vida (o que aconteceu em Sidney, no meio de um trânsito caótico!).




5 - REDE MÓVEL E INTERNET
Bom, na primeira viagem achamos que não valia a pena comprar um cartão SIM (Nova Zelândia). ERRO! Quando vi a minha conta telefónica tive quase um ataque de coração! Nos EUA já não caímos no mesmo erro e correu tudo bem. O problema foi na Austrália. Quando chegamos a Walhalla, por exemplo, não tínhamos rede absolutamente nenhuma. Perguntei a alguns locais (há 10 habitantes na vila!) e a resposta foi: "Mmm, se for ali por trás e subir suficientemente a montanha talvez consiga apanhar rede mas como já é de noite não é aconselhável"! Pois, então está bem :-) Havia uma cabine telefónica mas só funcionava para chamadas dentro da Austrália (nota: nessa mesma cabine havia um papel a dizer que o desfibrilador se encontrava junto ao museu!). Parecia que estávamos num cenário de filme! O hotel supostamente tinha Wi-fi mas a verdade é que não funcionava nem para mandar mensagem. Resumindo: avisem a vossa família que haverá sítios que poderão não ter rede mas que estará tudo bem e que se não disserem nada durante um dia (ou dois!) não é motivo de preocupação.

Death Valley, Estados Unidos da América, sem rede

Algures na Great Ocean Road, Austrália, sem rede

6 - HOTÉIS, MOTÉIS OU BED & BREAKFAST? E QUANDO MARCAR?
Excluindo daqui os hostels (estou muita velha para essas coisas...cof cof cof) não tenho preferência entre as três modalidades. Os bed & breakfast são geralmente em vivendas e há uma maior conexão quer com os donos quer com os outros guests. Para quem gosta de conhecer outras pessoas e ficar num ambiente mais familiar são o ideal. Já ficamos em bed & breakfast óptimos (quartos decorados com extremo bom gosto, casa de banho moderna, bom pequeno-almoço e lanche) e noutros péssimos e caros (casa com cheiro a mofo, amontoado de velharias, etc).

O nosso adorável Bed & Breakfast nos Estados Unidos

Os motéis geralmente são mais baratos que os hotéis  mas tenham em atenção quer a localização (se for numa estrada muito movimentada duvido que durmam bem) e horas de check in (a maior parte não tem recepção aberta 24 horas). Já ficamos em motéis bastante jeitosos e em outros que nem consegui tomar banho...Acho que isto diz tudo...Leiam muito bem as críticas no booking e outros sites. O facto de ser um hotel e caro não quer dizer nada. No hotel de Coogee Beach ouviamos os vizinhos e a canalização e vimos habitantes indesejáveis (grilos, baratas...).

Ok, e quando marcar? Já experimentamos de tudo. Na Nova Zelândia não marcamos nada! Chegávamos à cidade onde decidíamos parar e víamos o que havia disponível...Mmm, não aconselho! Isso rende boas histórias no futuro mas na altura não tem piada nenhuma! Em Wellington telefonei para mais de 30 hotéis e estava tudo esgotado. Nos sites da internet não havia um único quarto. Por sorte, uma pessoa teve um contratempo e acabou por desistir de um quarto.
Já perto de Queenstown, não conseguimos encontrar nadica. Tivemos que ir até a um local chamado Burkes Pass. Bom, parecia que estávamos dentro de um filme. Juro, temi pela minha vida. Ah ah ah. Entramos na recepção e e perguntaram-nos o que queríamos. Pergunto se têm quartos, dizem que sim têm, aliás não há ali mais ninguém. Nem pessoas nem rede no telemóvel! Depois, pergunto onde podemos jantar, dizem-nos que temos que ir até ao pub da próxima aldeia. Lá vamos nós, a chover, tudo escuro, sem luz. Entramos no pub, todos se viraram para nós de olhos fixos e não desviaram o olhar até começarmos a comer! O pub tem um cheiro a fritos intenso e uma alcatifa no chão que sobe pela parede. O Daniel pediu uns fish and chips, eu já nem me lembro. Só sei que à primeira garfada, senti que estava a ter um ataque de coração! Quando o dono nos pergunta "Onde estamos a ficar" eu só digo ao Daniel para não dizer nada. Estamos só de passagem, só de passagem. Passei a noite a ouvir barulhos e ver sombras na janela. O Daniel? Dormia como habitualmente como se nada se passasse. À luz do dia até é um sítio simpático :-p

Na Austrália, fomos com tudo marcado. Também é um erro. Houve dias em que não gostamos muito da área e teríamos conduzido um pouco mais. Mas já tínhamos hotel reservado.

Assim, o melhor modelo para mim é aquele que seguimos nos EUA que é marcar no dia anterior.

7 - HORÁRIOS
Se forem para pequenas terras o mais certo é os restaurantes fecharem cedo! E não, não há cá 7 eleven ou lojas de conveniência. Portanto a menos que queiram passar fome ou comer as bolachas que traziam no carro dêem uma olhadela aos horários. Na Austrália, em muitas vilas os restaurantes serviam no máximo até às 20h30! Então Catarina mas era Inverno? Nope, era Verão e o pôr-do-sol era só às 20h30! Sim, estranho, eu sei. Em Walhalla, o pub da aldeia fecha às 19h30 e não serve mais nada. Nós chegamos lá às 19h40 e já não serviam.

As lojas na Austrália também fechavam às 16h...E abriam às 10h...Trabalham muito não é? Por isso se quiserem ver aquelas vilas típicas e conhecer os produtos locais já sabem mais ao menos a que horas têm que estar por lá!

Para além disso na Austrália não é aconselhável conduzir à noite por causa dos animais. Infelizmente vimos alguns Cangurus mortos na estrada de manhã :-/



8 - FLEXIBILIDADE
Nem sempre as coisas correm bem. Há coisas menos más, como o restaurante escolhido estar fechado. E há outras piores como a estrada estar cortada e terem que dar uma volta gigante como nos aconteceu na Nova Zelândia. Uma viagem que era para durar 4h30, durou 11horas. Ou querermos ir de ferry para a Ilha Sul e dizerem-nos que só há bilhete dois dias depois!
Não se chateiem, não se irritem com o vosso parceiro, simplesmente aproveitem e pensem que estão a ver coisas que não veriam de outra forma! :-) Se não resultar, repitam esse mantra até se enganarem vocês próprios! :-)

Obrigados a fazer este desvio de 11h na Nova Zelândia, fomos brindados com uma paisagem incrível


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6 comentários

  1. Adorava fazer a (tradicional) road trip pela América!

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    1. Nós fizemos a Califórnia: San Francisco - Las Vegas - Los Angels. Mas adoraria voltar lá e fazer a Route 66

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  2. carta de condução internacional nunca precisei... a nossa serve sempre :):)

    GPS e mapas... dão sempre grandes histórias... na road trip que fiz com a minha irmã na Irlanda, não tinhamos GPS e a minha irmã até teve pesadelos com os mapas... LOLOLOL

    As road trips são cansativas... mas vê-se imenso...
    Adorei tanto a que fiz na Irlanda como a do ano passado em Itália :):):):)

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    1. Mas é que é mesmo de ter pesadelos! Como o Daniel ia a conduzir também era eu a encarregada dos mapas e é stressante!

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  3. Gostei muito de ler o post, para além de incluíres sempre pequenas notas engraçadas sobre viagens que já fizeste são muito informativos, especialmente para pessoas como eu, que nunca fazem esse tipo de viagem :)

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    1. Obrigado Avelã por comentares. É por pessoas como tu que continuo a escrever. As tuas palavras deixam-me sempre a sorrir :-)

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