Em Foco (Viajantes): Pedro Ribeiro
terça-feira, agosto 08, 2017
Alasca
Alasca
1 - Como te defines enquanto viajante?
Considero-me alguém que procura aventuras arrojadas em locais que permitem um contacto íntimo com a natureza e longe da civilização. Quanto menor for a marca da passagem pelo homem e quanto mais intacta estiver a natureza, mais apelativo se torna o destino para mim.
Nas viagens e no meu dia-a-dia, aplico muito o lema “Não tires mais do que fotos, não deixes mais do que pegadas. Não leves mais do que memórias, não mates mais do que o tempo”.
Enquanto viajantes, somos também embaixadores do nosso país, sendo assim fundamental respeitarmos as pessoas, costumes e valores dos locais que visitamos.
2 - Qual foi a tua primeira viagem? Que memórias guardas dessa viagem?
A primeira viagem que fiz e me deixou belas memórias foi com a minha família às Filipinas por volta de 1985. Fomos a Puerto Galera e às cataratas de Pagsaŋjan, onde foi filmado parte do filme Apocalypse Now. Ainda hoje me derreto quando vejo fotos dessa viagem, até porque têm bastante valor sentimental.
Na altura, adorei ambos os locais, mas regressei há poucos anos a Puerto Galera para mergulhar e não gostei nem um pouco. Abaixo ou acima de água, o turismo matou aquele destino.
Na altura, adorei ambos os locais, mas regressei há poucos anos a Puerto Galera para mergulhar e não gostei nem um pouco. Abaixo ou acima de água, o turismo matou aquele destino.
3- Qual foi a viagem que mais te marcou e porquê?
Todas as viagens nos possibilitam experiências muito específicas da própria viagem e que acabam sempre por deixar ficar algo na memória. Mas é igualmente verdade que há umas mais especiais do que outras.
Dito isto, a viagem que fiz de bicicleta pela Bolívia em 2006 foi a mais marcante que já fiz pelas paisagens, contrastes de cores, alta montanha, vida animal, calor humano dos locais, vulcões, lagoas e lagos de sal.
4- E aquela viagem que queres mesmo fazer e ainda não tiveste oportunidade?
Esta é fácil. :-) Pedalar toda a Rodovia Pan-Americana, i.e., atravessar todo o continente americano de bicicleta, arrancando de Prudhoe Bay no Alasca e acabando em Ushuaia na Argentina. Um projecto entre 40 a 50000km e talvez ano e meio.
Dito isto, a viagem que fiz de bicicleta pela Bolívia em 2006 foi a mais marcante que já fiz pelas paisagens, contrastes de cores, alta montanha, vida animal, calor humano dos locais, vulcões, lagoas e lagos de sal.
Bolívia
Bolívia
Bolívia
Esta é fácil. :-) Pedalar toda a Rodovia Pan-Americana, i.e., atravessar todo o continente americano de bicicleta, arrancando de Prudhoe Bay no Alasca e acabando em Ushuaia na Argentina. Um projecto entre 40 a 50000km e talvez ano e meio.
5 - Quais são as três coisas sem as quais nunca viajas?
6 - Como concilias a profissão de engenheiro com o gosto de viajar?
A minha família podia responder por mim, pois acaba por ser “sacrificada”... Quer isto dizer que vou pouco a Portugal porque oriento as férias para as minhas viagens pessoais.
Tento sempre conciliar férias com feriados públicos, permitindo-me assim maximizar o tempo de cada viagem. Em suma, com alguma habilidade, consigo fazer 3 a 4 viagens anuais que vão de 1 a 2 semanas.
Embora isso em nada se assemelhe aos 6 ou 12 meses de milhares de viajantes, a verdade é que me permitem fazer umas aventuras muito interessantes.
Embora isso em nada se assemelhe aos 6 ou 12 meses de milhares de viajantes, a verdade é que me permitem fazer umas aventuras muito interessantes.
Indonésia
7 - Recentemente estiveste no Alasca. Como foi essa experiência?
Foi uma experiência única. O Alasca é um local muito marcante pela vida animal e pelo quão selvagem é.
Em quase todas as viagens que faço, exponho-me a determinados riscos porque procuro sempre zonas remotas e longe da civilização, dependendo assim apenas de mim próprio. Porém, estivesse eu numa zona deserta do Tibete ou da Bolívia e tivesse um problema grave, não me conseguindo mexer, acredito sinceramente que seria uma questão de 1 ou 2 dias e alguém passaria a tempo de me encontrar vivo.
No Alasca, não! Uma pessoa está entregue a si própria e é bom que esteja consciente e preparado para o que se propõe fazer ou a aventura pode tornar-se inesquecível pelos piores motivos.
Entre outras aventuras, fiz uma viagem a solo de kayak pelo Glacier Bay de 5 dias e não vi vivalma! Uma viragem e entrava em hipotermia no espaço de minutos! Seria claramente o princípio do meu fim. Fiz também uma longa caminhada de vários dias e tenho poucas dúvidas que se tivesse um problema que me imobilizasse, seriam os ursos os primeiros a encontrar-me porque não vi absolutamente ninguém. Em suma, o Alasca é lindo de morrer, mas é selvagem e inóspito e não perdoa erros.
Em quase todas as viagens que faço, exponho-me a determinados riscos porque procuro sempre zonas remotas e longe da civilização, dependendo assim apenas de mim próprio. Porém, estivesse eu numa zona deserta do Tibete ou da Bolívia e tivesse um problema grave, não me conseguindo mexer, acredito sinceramente que seria uma questão de 1 ou 2 dias e alguém passaria a tempo de me encontrar vivo.
No Alasca, não! Uma pessoa está entregue a si própria e é bom que esteja consciente e preparado para o que se propõe fazer ou a aventura pode tornar-se inesquecível pelos piores motivos.
Entre outras aventuras, fiz uma viagem a solo de kayak pelo Glacier Bay de 5 dias e não vi vivalma! Uma viragem e entrava em hipotermia no espaço de minutos! Seria claramente o princípio do meu fim. Fiz também uma longa caminhada de vários dias e tenho poucas dúvidas que se tivesse um problema que me imobilizasse, seriam os ursos os primeiros a encontrar-me porque não vi absolutamente ninguém. Em suma, o Alasca é lindo de morrer, mas é selvagem e inóspito e não perdoa erros.
Alasca
Alasca
Alasca
8 - Achas que a língua é uma barreira para viajar para um determinado país?
De modo algum. Nunca o foi e certamente não será agora, já que até os telefones falam por nós.
Viajar não tem que ser proibitivamente caro. Dependendo do destino, o comboio ou autocarro podem ser alternativas ao avião (mas isso requer tempo).
Se o avião for indispensável, bilhetes comprados com grande antecedência e para dias úteis tendem a ter preços atractivos. Uma vez no destino, não há nada como viver como os locais, i.e., deve-se apanhar transportes públicos e comer nos restaurantes frequentados pela população. Na verdade, eu considero isso fundamental porque torna
toda a experiência muito mais real e genuína.
Se houver possibilidades de se acampar, o alojamento também fica em conta. Com tudo isto, o verdadeiro custo resume-se à viagem, uma vez que relativamente ao resto, talvez seja mais caro ficar em casa.
Se o avião for indispensável, bilhetes comprados com grande antecedência e para dias úteis tendem a ter preços atractivos. Uma vez no destino, não há nada como viver como os locais, i.e., deve-se apanhar transportes públicos e comer nos restaurantes frequentados pela população. Na verdade, eu considero isso fundamental porque torna
toda a experiência muito mais real e genuína.
Se houver possibilidades de se acampar, o alojamento também fica em conta. Com tudo isto, o verdadeiro custo resume-se à viagem, uma vez que relativamente ao resto, talvez seja mais caro ficar em casa.
10 - Podes dar 3 dicas para quem quer começar agora a viajar?
Primeiramente, a pessoa tem de se conhecer bem e saber do que gosta, ou seja, se é de montanha, praia, cidade, arquitectura, neve, etc. Em função disso, deve começar por um destino que não ofereça grandes dificuldades, nomeadamente logísticas. Depois, convém escolher um período do ano em que o clima seja favorável. A partir daí... Bom, a partir daí, o céu é o limite!
Se viajam com frequência ou se estão neste momento a fazer uma viagem de longa duração entrem em contacto connosco e poderão aparecer por aqui!
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11 comentários
Eu e o Alasca ❤ essas fotos são brutais!
ResponderEliminar2 meses fizeste estas boaa raparigas esperarem, Pedro! Compensou com as fotos brutais 😊
ResponderEliminarÉ verdade! Custou mas foi :-) Concordo, as fotos são absolutamente maravilhosas :-)
EliminarMea culpa, Cat & Car. Total! Mas é bom ver que agora "pegou" de vez. :-)
EliminarUma verdadeira " star" !!! Adorei a entrevista...! Abraco
ResponderEliminarFico muito contente que tenha gostado da entrevista e fica à vontade para espreitar o resto do blog e nos seguires no Facebook e no Instagram :-)
EliminarBom, em primeiro lugar, as fotografias estão qualquer coisa de "uou". Dá vontade de lá ir fotografar. Quanto à entrevista em si: boas pelavras, bem escrito e mostra muita paixão pelas viagens. O céu é mesmo o limite ;)
ResponderEliminarObrigada Pedro pela partilha ;)
Meninas, nem imaginam há quanto tempo procurava blogs de viagens com os quais me identificasse. Adorei o vosso! Já sou seguidora e quero muito acompanhar tudo o que escrevem!
ResponderEliminarEstas fotografias estão qualquer coisa!
Toda a gente diz que sou louca porque tenho imensa vontade de ir ao Alasca! Pergunto sempre às pessoas se já viram fotos desse paraíso e a verdade é que pouca gente sabe que há muito mais para além de neve.
Parabéns pelo blog! Continuem!
Beijinhos
Maria
Words of Mary
Maria não imaginas o quão gratificante é ler este teu comentário! Muito felizes que tenhas gostado do nosso blog :-)
EliminarNão és louca não Maria. Embora nunca tenho ido também é um sonho meu, daí ter entrevistado o Pedro! Pesquisa e organiza tudo bem e estou certa que é possível. Se tiveres dúvidas diz que eu passo a mensagem ao Pedro!
Beijinhos, Catarina
Adorei!
ResponderEliminarAs fotografias são lindas e as dicas do viajante muito uteis.
Mor
É verdade mor, as fotografias são de cortar a respiração. Ficamos contente que tenha gostado
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